Demora para obter licenças de importação leva Porto a
perder cargas
Cargas estão indo para outros complexos portuários do
País, como Itajaí (SC) e Paranaguá (PR)
Liberação da licença de importação demora cerca de 20
dias no Porto de Santos
A demora na obtenção de licenças de importação (LI) no
Porto de Santos está causando uma fuga de cargas para outros complexos
portuários do País, como Itajaí (SC) e Paranaguá (PR). O alerta é do Sindicato
dos Despachantes Aduaneiros de Santos e Região (SDAS) e do Sindicato das
Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), Além disso, o
posto portuário da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) deve
perder seu chefe.
As duas entidades se reuniram para tratar destes e de
outros problemas enfrentados no cais santista com o deputado federal João Paulo
Papa (PSDB-SP). Questões como a demora na inspeção de embarcações e ainda o
baixo número de funcionários da Anvisa no cais santista também foram levados ao
deputado.
De acordo com o presidente do SDAS, Nívio Peres dos
Santos, após o desembarque de cargas no Porto de Santos, são necessários cerca
de 20 dias para a obtenção de uma LI pela Vigilância Sanitária. “O prazo é um
absurdo, porque depois tenho que submeter a licença à Receita Federal. Os
custos ficam altíssimos. Paga-se mais armazenagem, demurrage. Geralmente, são
usados contêineres reefer (refrigerados) e isso aumenta demais o custo para
importador”, destacou o presidente do SDAS.
O tempo, segundo o representante dos despachantes
aduaneiros, já foi maior. Antes, o trâmite levava cerca de 30 dias, mas a
agência sanitária fez uma força-tarefa para agilizar as operações. No entanto,
em outros portos como Itajaí e Paranaguá, a LI é expedida em três ou quatro
dias.
Para o deputado federal João Paulo Papa, o maior prejuízo
causado por esse problema é a fuga de cargas do Porto de Santos para outros
portos, como os catarinenses e paranaenses.[TEXTO] “Este problema é grave por
conta dos medicamentos e alimentos. O prazo é longo e afeta bastante o
interesse do cliente. Quando o alimento esta finalmente liberado para consumo,
ele já consumiu muito do prazo pela burocracia”, destacou o parlamentar, que
prometeu levar o assunto à Anvisa e ao Ministério dos Transportes, Portos e
Aviação Civil (MTAPC).
“Em audiência com o ministro (Maurício Quintella), vou
colocar esse ponto também porque o Porto de Santos é o maior do País, tem
presença grande nas importações e precisamos ter uma estrutura à altura do
movimento que nós temos aqui”, destacou Papa.
Livre Prática
Uma pauta antiga dos agentes marítimos é a limitação do
horário de inspeção dos navios na Barra de Santos. Segundo o diretor-executivo
do Sindamar, José Roque, as visitas a bordo das embarcações acontecem até as 16
horas.
“Existem dezenas de casos que mesmo o navio tendo
atracado, bem antes das 16 horas, o servidor não comparece ao navio. Como
consequência, o navio permanece inoperante e pagando o dobro de atracação. Há a
incidência de demurrage, sobreestadia do navio por conta do exportador,
elevando o custo Brasil, o que acarreta falta de competitividade com outros
players internacionais”, explicou o diretor-executivo do Sindamar.
Roque explica que a Anvisa se norteia pelo Regulamento
Sanitário Internacional (RSI) para efetuar as inspeções somente durante o dia.
Mas, em alguns casos, há possibilidade de flexibilização da regra. “Essa
situação é contraditória já que muitas vezes, nos navios de passageiros,
efetuaram as inspeções no período noturno. Nos navios de passageiros, se houver
atraso, é a única carga que fala, reclama, grita”.
Guias de recolhimento
Os agentes marítimos ainda relatam ainda dificuldades no
pagamento de Guias de Recolhimento da União (GRU), necessárias para a obtenção
da Livre Prática (documento que atesta as condições sanitárias das embarcações
e as libera para entrar no cais) bem como para a Renovação do Certificado
Sanitário de Bordo. O problema é recorrente e já foi alvo de muitas reclamações
de usuários do Porto.
“As agências efetuam o peticionamento eletrônico,
solicitando a emissão da GRU, e a guia não é disponibilizada no sistema Porto
Sem Papel (programa de liberação dos navios nos portos) para ser baixada e
recolhida. Já acionamos a direção da Anvisa em Brasília e o MTPAC/SEP. O
problema não está concentrado no sistema Porto Sem Papel mas no sistema
obsoleto da Anvisa”, destacou Roque.
Falta de fiscais também preocupa
Outra questão que vem preocupando os usuários do Porto de
Santos é o baixo efetivo da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
no posto do complexo marítimo. De acordo com o diretor-executivo do Sindicato
das Agências de Navegação Marítima do Estado de São Paulo (Sindamar), José
Roque, hoje, cinco servidores atuam em regime de plantão no setor de
embarcações e outros nove se dedicam ao setor de importação. Segundo ele, o
contingente deveria saltar para oito e 14 funcionários em cada departamento.
Para Roque, esse baixo número de funcionários acaba
causando problemas para os usuários do Porto. “Na questão do quadro atual de
servidores, além de prejudicar a entrada dos navios, no setor de importação,
que faz a análise de produtos, acaba sendo prejudicada a fiscalização sanitária
de fato, pois além da análise documental, temos as inspeções de produtos e
existem outras atribuições pertinentes aos produtos ilegais”.
O problema afeta toda a cadeia logística e gera ainda
mais despesas. “Enquanto a Anvisa não liberar os produtos, há a retenção dos
equipamentos, dos contêineres, com custos para o importador, demurrage e
sobreestadia. Esses custos são repassados para o consumidor final, nós”,
destacou Roque.
Outra preocupação que atinge agentes marítimos e
despachantes aduaneiros é com relação à saída do chefe do posto da agência
sanitária no Porto de Santos, Rogério Gonçalves Lopes. A informação é de que
ele será transferido para o posto localizado no Aeroporto Internacional de São
Paulo, que fica em Guarulhos.
“Revelamos nossa preocupação com a mudança da chefia
local da Anvisa, com quem temos obtido avanços e possuímos excelente
relacionamento. Essas mudanças sempre acarretam dificuldades de atendimento,
sendo necessário iniciarmos uma nova aproximação, visando obtermos um canal de
comunicação eficiente, que nem sempre ocorre”, destacou o diretor-executivo do
Sindamar.
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