terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Verificação de parceiros comerciais na cadeia logística – Uma questão de Compliance para o programa de Operador Econômico Autorizado e outros

Em tempos de crise, muitas empresas focam imediatamente suas ações na racionalização de custos e otimização de recursos, visando a uma razoável obtenção de margem operacional e – é claro – lucro, afinal é a partir dele que todos somos remunerados e novos investimentos são concretizados.
Partindo dessa premissa, geralmente alguns equívocos ocorrem nas empresas, tais como abrir mão ou reduzir o investimento na Governança Corporativa ou na gestão dos Controles Internos, enfim, nos controles de Compliance.
Essa palavra da moda, Compliance, que por uma tradução literal é algo como “conformidade” – e a conformidade nada mais é do que um sinônimo de harmonia.
Bem, voltando ao tema de Governança Corporativa e à gestão dos Controles Internos, é necessário que se implemente uma grande e imediata mudança de paradigmas, assim como uma mudança cultural nas empresas. Os temas de Governança Corporativa e Controles Internos em inúmeros casos ainda são vistos simplesmente como custos, em que, na verdade, essa padronização ou normatização poderia aprimorar as rotinas diárias, reduzir multas, penalidades e mitigar demais riscos que poderiam ser causados pela ausência de Compliance.
Uma vez aplicado esse processo de Compliance, as questões que surgem são: Como ficam os representantes das empresas perante os órgãos governamentais? Como meu despachante aduaneiro ou meu operador logístico me representaria? Como serão manipuladas minhas informações e documentos? E é exatamente nesse ponto que ainda muitas empresas brasileiras estão engatinhando. Inclusive, cabe registrar que muitas empresas não possuem conhecimento sobre a Lei Anticorrupção nº 12.846, de agosto de 2013, e o reflexo desta nas atividades das empresas que não atuam dentro de uma correta política de Compliance.
Pelo acima apresentado, temos um problema. Precisamos validar/auditar nossos processos e também de nossos parceiros comerciais da cadeia logística, nesse caso, os despachantes aduaneiros, armazéns, transportadores e freight forwarders. Mas por onde começar?
Como qualquer processo de validação/verificação, devemos começar pelo planejamento, pela determinação de uma metodologia e ainda ter um escopo claro do que será realizado, para que possamos definir como e quais pontos específicos deverão ser verificados, quantas pessoas serão necessárias, determinar um cronograma para as atividades, e assim por diante.
Ainda para o processo de validação/verificação, é extremamente importante que, durante as atividades, sejam revisados todos os documentos, procedimentos, processos e também que sejam realizadas amostragens para confrontar com dados físicos e dos sistemas informatizados. Lembrando sempre que uma boa gestão é baseada na conformidade (Compliance) de processos.
Um trabalho eficiente de validação/verificação levará a empresa a alcançar resultados concretos e ganhos significativos. Tal atividade garantirá a qualidade dos processos, ajudará na identificação e gerenciamento de riscos, no aprimoramento dos procedimentos e controles internos, permitirá a detecção de gaps, irregularidades e fraudes, que são cada vez mais comuns nos ambientes corporativos, e aprimorará, por consequência, o desenvolvimento das pessoas.
Por fim, a verificação/validação da segurança e conformidade das operações, com uma frequência de ao menos uma vez ao ano, deve ser considerada como um diferencial (dentro de um princípio de Boas Práticas) entre as empresas que não buscam simplesmente cumprir uma normativa ou legislação, mas sim implementar e manter um efetivo programa de Compliance interno e junto a seus parceiros comerciais, garantindo uma eficiente e eficaz gestão para seus processos e para sua cadeia logística.
(DANIEL GOBBI COSTA é graduado em Administração de Empresas com habilitação em Comércio Exterior, especialização em Logística, Qualidade e Gerenciamento de Projetos. Atua, desde 2007, na área de Auditoria/Consultoria Logística e Comércio Exterior, participando de projetos de implementação e manutenção de controles internos, agora como sócio/responsável nas empresas Alliance Consultoria e Treinamento Empresarial e Innova Consultoria Empresarial e Qualificação Executiva. Professor)

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