sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

Barreiras às batatas europeias

  • Por Assis Moreira e Marcos de Moura e Souza | De Genebra e Belo Horizonte
    A União Europeia mobilizou sua diplomacia para tentar convencer o governo brasileiro a desistir de adotar uma sobretaxa na importação de batata pré-frita e congelada procedente de Alemanha, França, Bélgica e Holanda. O Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (Mdic) identificou dumping na venda do produto dessas origens para o mercado brasileiro, e o Comitê Executivo de Gestão da Câmara de Comércio Exterior (Camex) deve discutir hoje a imposição da sobretaxa.
    Conforme estudo do Mdic, durante o período de investigação as batatas pré-fritas congeladas oriundas da Europa representaram entre 40% e 50% da oferta aos consumidores brasileiros. A margem de dumping - ou seja, de preço menor na exportação que o praticado no mercado interno europeu -, variou de 18% a 41%, mas superou 100% no caso de algumas empresas europeias. Na sexta-feira, embaixadores da UE e dos quatro países exportadores estiveram no Itamaraty tentando convencer o governo a não aplicar a sobretaxa. Mas a decisão é técnica.
    Uma eventual sobretaxa deve beneficiar a produção nacional e, em particular, um empresário de Minas Gerais. João Emílio Rocheto, dono da Bem Brasil, é o maior fabricante de batatas palito pré-fritas e congeladas do país, um mercado que movimenta, no total, R$ 2,5 bilhões no país. A companhia, diz o empresário, tem uma fatia de 25% desse montante. O consumo no Brasil é de 400 mil toneladas por ano.
    Rocheto tem uma fábrica em Araxá (MG) e inaugura a segunda amanhã, em Perdizes (MG). Além de concorrer com as europeias, a Bem Brasil disputa mercado com a gigante canadense McCain que exporta para o Brasil a partir de Argentina, EUA e de suas plantas europeias. Segundo ele, a batata congelada europeia é embarcada ao Brasil a um preço médio 20% menor que a batata saída da Argentina. Isso sem contar o frete.
    Mas Rocheto diz que a sobretaxa talvez não seja a saída adotada pelo Brasil. Outra possibilidade seria os europeus acertarem com Brasília um preço mínimo. Segundo ele, as queixas contra as importações europeias partiram da Associação Brasileira de Produtores de Batatas.
    Fonte Internet: Valor Econômico, 15/02/17

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